Augustine, Histeria, a falta de liberdade e Saturno.
Acabo de assistir ao filme Augustine, que foi mencionado ontem no programa Café Filosófico pela Psicóloga Regina Herzog.
O filme é sombrio, denso, pesado, incomoda, dá uma sensação de desconforto. O filme relata o começo do estudo sobre a histeria, que depois Freud vai aprofundar, estudar e discorrer tão bem. A mente, a alma, o ser humano é sim, uma caixa de Pandora, reprima um desejo, coloque uma série de restrições, diga não, proíba, e o desejo encontrará um buraquinho para escapar.
No caso da histeria, que naquela época só acometia mulheres, conseguimos encontrar algumas justificativas. No começo do século 19 as mulheres, eram muito reprimidas, usavam aqueles apertados espartilhos, que podemos pensar serviam para prender as costelas, a respiração. Com ele moldavam o corpo, o que na verdade era um simbolismo para o comportamento que a sociedade exigia da mulher. Pra mim, aquilo era mais parecido com um instrumento de tortura, o corpo físico passava o dia aprisionado, os dogmas, as leis, a moral da sociedade se encarregava de aprisionar a mente, o resultado de tanto aprisionamento era a histeria. Que nada mais é do que o grito de socorro de uma sociedade doente, reprimida, aprisionada.
No filme, Augustine, as convulsões se assemelham a masturbações, o olhar de satisfação misturado com medo, logo depois de uma crise. A crise que aparece assim que um olhar masculino cai sobre ela. E desperta o desejo, a libido, a volúpia, o tesão, era proibido ás mulheres sentir tesão.
Me fez pensar que mudamos, mudamos muito. Já não permitimos que os corselets e as cintas ligas nos parem a respiração por nada, hoje, sabemos como usar esses acessórios que viraram sinônimo de conquista e de uma noite de sexo selvagem, usamos para seduzir o que antes era usado para nos aprisionar.
Porém, é necessário explicar que a histeria não se limita só a crises similares a convulsivas, muitas pessoas, sentem vergonha de seus sentimentos, não falam e nem elaboram o que se passa em seus corações e mentes, essas pessoas podem sofrer algum tipo de paralisia, cegueira, mudez, é como se a pessoa estivesse com tanta culpa pelo que sente, pelo que deseja, que precisa se castigar de alguma forma.
A histeria é a doença da culpa, da vergonha, da repressão, mas ao mesmo tempo é a prova de que não adianta reprimir um instinto, ele é forte, uma hora vai derrubar o dique e todo aquele sentimento vai tomar conta, e tomar pra si o espaço que quiser.
Trazendo isso para o mundo dos astros, podemos pensar em Saturno, é ele o que nos dá limite, nos mostra que nem tudo podemos, é de Saturno a voz da consciência que nos impede muitas vezes de fazer certas besteiras. Saturno nos faz perceber que somos feitos de matéria densa, não somos ar, nem água, nem fogo, somos densos e concretos como a terra, o único dos elementos do zodíaco que temos capacidade de segurar em nossas mãos, de dar forma, de moldar. Não somos capazes de moldar o ar, nem fogo, a água só podemos molda-la se a deixarmos em estado sólido, e ao percebemos isso, percebemos que somos limitados.
Saturno aos nos impor limites também nos protege, ele nos defendem de nossos desejos impróprios e inaceitáveis, mas inaceitáveis pra quem? Saturno nos impele a refletir um pouco, se desejamos algo, isso deve ser assim tão vergonhoso? Se nossos instintos almejam viver alguma situação podemos de alguma maneira vivenciar a mesma sensação de compensação ou seja, ter a mesma satisfação experienciando outras coisas? Eu diria que é assim mesmo que agimos, e isso é saudável desde que consideradas suas devidas proporções.
Quando Saturno reprime algum desejo do inconsciente, algum impulso, o saudável é que logo encontremos alguma outra maneira de obter a mesma sensação de satisfação. Mas quando a porta que abrimos é para jogarmos nossos desejos escondidos em algum lugar do inconsciente, estaremos simplesmente colocando em algum lugar pra ir se fortalecendo, tomando massa, corpo, forma e tudo isso em grandes proporções, até que esse compartimento não seja mais suficiente para mantê-lo aprisionado e ele arrombe a porta, force a saída, ou ainda quebre paredes, escape e comece a devastar o mundo ao seu redor.
Saturno serve para direcionar esse impulso do instinto. Pessoas com Saturno muito proeminente no mapa Natal, precisam tomar cuidado para que Saturno não se torne um ditador, e aprisione em algum compartimento da Psique os desejos, pois mais cedo ou mais tarde, eles escaparão, e dependendo de como foram alimentados sua ação pode ser devastadora!
Por isso todo cuidado é pouco com Saturno, ainda mais em tempos de Saturno em Escorpião, evite jogar mais mágoas e traumas pra dentro da caixinha mental do esquecimento, se estiver incomodado com alguma situação fale, não remoa sentimentos que só lhe causarão mais mal.
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