A Lua Nova desse sábado à tarde ingressa em Virgem, sai da casa do Sol, e chega a um signo onde sua representação é uma mulher, Virgem, uma lunação com a presença de Ceres, Asteróide associado ao feminino, descoberto em 1801 no signo de Touro, Ceres não rege nenhum signo, especula-se que pode reger Câncer ou Virgem, mas como eu disse, é só especulação.

Ceres é a Deusa Romana dos Cereais, quando lemos o que Ceres representa astrologicamente acabamos encontrando um simbolismo parecido ao da Lua, o que não me parece ser a linha mais apropriada para olharmos para esse arquétipo. Outra coisa que há tempos vem me trazendo desconforto é integrar os Deuses Gregos aos Romanos, eles são sim muito parecidos, mas Roma entendia os atributos dos Deuses de forma diferente dos Gregos.

Para os Gregos os Deuses mais rebeldes, violentos, agressivos recebiam cultos mais ligados ao temor, eram temidos e não amados ou adorados. Mas o Gregos eram uma sociedade mais voltada para mente, as artes e as filosofias, portanto é justificável, que Ares não fosse cultuado com o mesmo amor e reverência que Marte em Roma, afinal, os romanos eram guerreiros e conquistadores, os atributos do Deus da Guerra eram para eles, dignos de honra e mérito, por isso a aura que paira sobre ambos não é a mesma.

No que diz respeito a Ceres podemos seguir na mesma direção, Ceres Romana é um pouco diferente da Grega. A Romana prontamente foi acolhida pelo povo da terra, pelos agricultores, pelo homem plebeu, do campo. Em seu templo, reuniam-se para discussões políticas, sociais, não somente relacionada aos mistérios, como a Grega, mas no templo de Ceres decisões políticas e alianças importantes eram tecidas.

Encontramos aqui a face do feminino capaz de tecer alianças, de ser pragmática, de querer e buscar resultados concretos. Não só aqui, mas a própria aliança que ela traçou com Júpiter para interceder junto à Plutão em prol de Coré, também nos mostra a capacidade de dialogar, negociar, e também ceder, aceitar.  E a propósito quando foi descoberta no cinturão de Asteroides entre Marte e Júpiter, Ceres, estava em Touro.

Penso que por ter sido descoberta nesse signo, Ceres traga com ela bastante da energia taurina, que diga-se de passagem, também poderia ser considerado para ser regido por Ceres.

A Lua desse final de semana está em Virgem, e ao pensarmos nessa interação que há entre Virgem e Ceres, esse é o momento de separar as sementes, procure não ser apressada amiga, lembre-se que Ceres, a Deusa dos Cereais, entende que tudo tem um ciclo, a semente morre pra nascer o broto que arrebenta a terra e vai dar origem a alguma coisa, essa alguma coisa, vai depender da qualidade da semente, do quanto ela consegue se manter pura, se manter virgem, e aqui não é virgem no sentido de casta, mas virgem no sentido de leal e fiel, o quanto conseguimos ser leais conosco, com nosso sentir.

E ser fiel ao que sentimos é outra coisa que Ceres pode representar.  Quando sua filha, Coré, foi sequestrada, por Plutão, seu irmão, ela não quis saber de mais nada e  a partir daí a saga de Ceres em busca de Coré começa. O desespero de Ceres foi tão grande, que ela não conseguia mais fertilizar os campos, nesse período a terra morreu, os campos morreram e os animais e homens também.

Mas como Ceres poderia continuar a cultivar seus belos campos se dentro dela tudo era sombra e dor?

Acho que esse é outro questionamento de Ceres quando ela foi descoberta, MULHER, VOCÊ ESTÁ CULTIVANDO SEUS CAMPOS EXTERNOS EM DETRIMENTO DE SEUS SONHOS, DE SUA CONTINUIDADE?

O quanto estamos mortas e dilaceradas internamente mas nos obrigamos a continuar sendo úteis, férteis, alegres, perfeitas, a contentar os outros.

Ceres como atributo feminino, permiti a mulher legitimar sua dor, ela é a mãe desesperada e que não mede esforços para reencontrar sua filha, ela legitima sua dor, autoriza-se a sofrer, a não fazer sua obrigação enquanto não se sentir plena novamente.

Em 1801, talvez tenha sido essa a cara do feminino que começou a emergir, não á toa o século 19 foi o que viu o movimento feminista tomar forma, Ceres pode ser símbolo da MÃE CANSADA, MÃE EXAUSTA, li há um tempo atrás em algum lugar, que Deméter era o símbolo da mãe culpada por negligência, eu pessoalmente não vejo possibilidade de alimentarmos isso, afinal a mulher já carrega a culpa do pecado de ter comido a maçã. E não só isso, falar desse lugar da mãe culpada por negligência, reforça a culpa da vítima e eu duvido que Ceres goste disso.

Ceres nos convida a olhar para onde estereotipamos e romantizamos o feminino, a mãe solteira, a mãe guerreira, a mãe depressiva, o quanto julgamos a obstinação do outro, é comum lermos: Deméter enlouquece atrás de sua filha e toda a terra sucumbe, é comum a gente falar: a mulher surtou, enlouqueceu. E ao falarmos isso, tiramos o valor da busca obstinada e determinada, colocamos todas que não aceitamos os sequestros de nossos sonhos, na caixinha das loucas.

Ceres já foi descoberta retrogradando pra nos dizer não me interpretem assim com tanta pressa, me olhem com atenção e cuidado, revejam!

Nesse final de semana preste atenção as sementes. Como está seu coração? Está lançando sementes de acordo com seu interior? Está sendo verdadeira com você? Estamos na lunação da transformação do Ego, plantar as sementes com mais consciência faz parte de aprimorar e lapidar o nosso Eu.

Onde você não está se permitindo não sentir dor? Onde deixou que seus sonhos fossem sequestrados? Onde ainda se obriga a deixar tudo em ordem quando tudo que há dentro não tem luz?

Agora que o grau 23 de Touro está sendo ativado pela conjunção Marte Urano, Ceres que foi descoberta logo ali tem um lugar de destaque nesse mês. É importante falarmos das sementes pra não reclamarmos dos seus frutos amanhã, nem do tamanho da árvore, é essencial saber o que plantamos.

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